É a Educação a área do saber que, em primeiro lugar, pode contribuir para que se forme uma consciência clara acerca dos valores que deverão permear a vida humana, tomando como base os avanços ocorridos em vários campos. Da mesma forma, é essa área do saber que pode emprestar uma leitura metódica e racional e com maiores condições de até, didaticamente, proporcionar soluções em menor prazo.
A sociedade brasileira intuindo a importância da Educação torna-se pedagógica. A prática educativa perpassa toda a sociedade. Acontece nas fábricas, nos hospitais, nos presídios, nos museus, nas empresas em geral.
Acrescenta-se a este quadro, o fato de a EAD vir obtendo destaque sobre qualquer outra modalidade, considerando-se fatores característicos de um país com as dimensões do Brasil, onde, por exemplo, a moradia de muitos brasileiros, em lugares distantes, torna mais difícil o acesso aos tradicionais locais de ensino. Além disso, o momento que estamos vivendo dificulta a volta aos estudos de grande parte dos trabalhadores. Assim, podemos contar com a possibilidade de se realizar atividades educativas nos locais de trabalho durante o expediente.
O início da EAD pode ser identificado com a invenção da imprensa por Gutemberg, em 1453, quando o papel exclusivo do professor como agente educador passou a ser partilhado com os livros. Entretanto, apesar de já vir de longa data, a EAD toma realmente impulso maciço na década de 1990, com as mega-universidades despertando a atenção dos governos de todo o mundo para a importância dessa modalidade, que passa a ser consagrada em todo o mundo e no Brasil, especificamente, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e os Decretos que a regulamentam.
Apesar de a EAD estar sendo valorizada mundialmente, ela ainda é vista por muitos como uma educação de menor qualidade, utilizada para se aligeirar os estudos de quem não dispõe de tempo para freqüentar um curso regular.
O "pré-conceito" existente está ligado à memória do tempo em que se fazia educação a distância por correspondência, utilizando-se, apenas, o correio como meio.
Hoje, com os avanços tecnológicos, a EAD utiliza diferentes mídias, desde o rádio e a televisão até a hipermídia, tendo-se avançado não só nas formas de mediação como, também, em toda a organização do processo ensino-aprendizagem, na prática e na estrutura que lhe servem de base.
O primeiro passo hoje, quando se planeja a EAD, é a definição da filosofia de educação que norteará os trabalhos. Em seguida, vem a concepção do curso, seus objetivos, conteúdos, procedimentos didáticos e avaliação.
Há aspectos que já se tornaram axiomas em EAD, como por exemplo: alguns encontros presenciais, incluindo as avaliações somativas; a linguagem dialógica do material, buscando a interatividade com aluno através do texto; o sistema de tutoria, que faz com que o aluno se sinta seguro, tendo um professor para tirar suas dúvidas e acompanhar seu desempenho; a formação de consórcios entre várias instituições que oferecem EAD, possibilitando a formação de pólos regionais, facilitando o acesso dos alunos a bibliotecas, videotecas, computadores, vídeo conferências; encontros presenciais com o tutor e com os outros cursistas.
A produção dos materiais didáticos utilizados em EAD é rigorosamente planejada. Eles são confeccionados passando por diferentes equipes, como a de professores dedicados aos conteúdos (conteudistas), equipe de comunicação, especialistas em EAD, até chegarem a forma final. Tal processo considera que a EAD objetiva, além da construção dos conhecimentos relativos à disciplina em questão, a formação de determinadas habilidades e competências do aluno como o autodidatismo, a iniciativa, a auto-expressão, a consciência do seu próprio valor, criatividade; valores consagrados pelos tempos em que se vive.
É preciso que se desmitifique a EAD, divulgando-a cada vez mais, de forma a explicitar suas características e suas vantagens. Desta forma, as pessoas podem a entendê-la melhor e aceitá-la como uma metodologia de ensino que promove a igualdade de oportunidades por permitir que qualquer um estude nas horas de sua conveniência; em locais que lhes convêm, não gastando tempo e dinheiro em locomoção; sem falar que o estudo é muito objetivo e a aprendizagem muito eficiente por conta de materiais de alta qualidade, disponibilizados a todos eqüitativamente.
Finalizando, faz-se necessário dizer que num país pobre como este em que vivemos, apesar de o investimento financeiro para produção de materiais e implementação de cursos a distância ser muito alto, o custo médio é mais barato do que os métodos convencionais.
Que os educadores tomem para si o que lhes é de direito, antes que outros aventureiros o façam.
Gilda Maria Grumbach
Coordenadora de Educação a Distância
Universidade do Rio de Janeiro
Morpheus - Revista Eletrônica em Ciências Humanas - Ano 01, número 01, 2002 - ISSN 1676-2924 |